NOVOS TALENTOS #2: Carol Sales diz que seu sonho é fazer as pessoas felizes por meio da gastronomia
Filha de um casal de pesquisadores da conceituadíssima UfsCar (Universidade Federal de São Carlos), Carolina Mascaro Sales precisou de uma boa dose de coragem para abrir mão da carreira de advogada e entregar-se à paixão pela cozinha. Foi fazer gastronomia no também conceituadíssimo Centro Universitário Senac, em Águas de São Pedro, e só confirmou o que já sabia: cozinhar é a sua real vocação. E mais: descobriu que também quer compartilhar seus conhecimentos e construir uma carreira acadêmica. Ela é, sem dúvida, um dos novos talentos da gastronomia e você ainda vai ouvir falar muito dela!
Papo com Cris – Como uma advogada formada pelo Mackenzie decidiu fazer gastronomia?
Carol Sales – Eu entrei muito nova no curso de direito. Quando vi, estava fazendo algo que me deixava infeliz, lidando com os problemas e as tristezas das pessoas. Então, como é importante terminar tudo o que começamos, me formei em direito e depois fui atrás do meu sonho: fazer pessoas felizes! A comida traz isso. Hoje sou capaz de passar sentimentos bons para as pessoas, ver sorrisos, lembranças da infância, momentos de amor. Nunca vi ninguém comendo triste. Hoje, como cozinheira, continuo não vendo. Segui minha vocação e sou muito feliz e orgulhosa da minha escolha. Os obstáculos foram grandes, os preconceitos maiores ainda, mas cada dificuldade valeu a pena.
Existe influência da família nesta escolha?
Nenhuma influência, meus pais são professores e pesquisadores da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e, no começo, tiveram dificuldade de aceitar minha escolha de não seguir uma carreira jurídica e ser cozinheira.
Você acaba de concluir o curso de gastronomia no Senac. Conte sobre sua experiência acadêmica.
Foi uma experiência incrível, entrei gostando de uma coisa e saí completamente apaixonada. Dei várias monitorias e participei de vários eventos, reformulei minha cabeça e hoje quero fazer parte de uma instituição séria de ensino, quero passar meu amor e conhecimento para outras pessoas, fazer com que a minha profissão seja mais respeitada. Chorei muito no meu último dia de aula, e ainda não quis largar o osso: comecei uma pós-graduação em cozinha brasileira no próprio Senac, essa instituição foi minha casa por dois anos e eu não podia sair mais satisfeita.
Fale um pouco sobre essa escolha pela pós-graduação em cozinha brasileira.
Decidi fazer pós-graduação porque quero dar aula e, além de ser um requisito, acredito que me deixará mais preparada para isso também. A escolha da cozinha brasileira tem a ver com as minhas origens, quero conhecer melhor minhas raízes, os alimentos que meu pais tem, pra poder passar isso para as pessoas. O Brasil é pouco valorizado em relação aos seus alimentos, os próprios brasileiros não conhecem tudo oque a natureza nos oferece. Meu objetivo é mudar isso, é fazer com que mais pessoas amem e respeitem esse país maravilhoso, e passem a utilizar e valorizar mais produtos nossos.
Quem são suas referências na gastronomia contemporânea brasileira e mundial?
Admiro muitos chefs. No momento, há alguns que tenho estudado mais, comoThiago Castanho, que parece amar tanto o Brasil quanto eu; Jamie Oliver, que utiliza seu reconhecimento para transformar a vida de crianças com problemas de saúde relacionados à comida e na luta contra fast foods e comidas que fazem mal à saúde das pessoas; e Grant Achatz, que é um gênio da gastronomia, e conseguiu criar pratos incríveis em momentos em que não tinha mais o paladar devido a um câncer.
O que planeja para sua carreira?
Pretendo ser professora e ter meu próprio negócio, um empreendimento pequeno, mas que me permita mostrar às pessoas o que eu amo fazer.
Quais são seus pontos fortes na cozinha?
Gosto muito de frutos do mar e, recentemente, descobri minha paixão por confeitaria.
Qual é o seu prato favorito?
Gosto tanto de comer que fica difícil escolher um prato só. Sou viciada em pratos à base de creme de leite, coentro, leite de coco, manteiga.
Quais são os maiores desafios dos profissionais da gastronomia no Brasil, na sua avaliação?
Reconhecimento e respeito. Ainda é uma profissão marginalizada e muito desvalorizada. A maioria das pessoas não entende os sacrifícios de ser um cozinheiro, todo estudo que envolve essa profissão.
De quem você toparia ser sous chef? Por quê?
Acredito que ser sous chef de um bom chef, que tenha muito conhecimento e caráter, é válido, independente de quem seja a pessoa. Se o chef está disposto a te ensinar e te ver crescer, é sempre válido. Pude observar em um de meus estágios os cozinheiros do chef Gabriel Broide, são pessoas de sorte, que aprendem coisas que não aprenderão em nenhum outro lugar. Todo conhecimento do chef é passado para os funcionários, valorizado. Ser sous chef é responsabilidade, se ela puder vir acompanhada de aprendizado, eu aceitaria.
Qual é o maior ‘pesadelo’ de um chef na cozinha?
Equipe desunida e falta de higiene.
Qual sonho você tem para realizar?
Poder viajar pelo Brasil para conhecer os diferentes alimentos e pratos que cada região fornece, para depois poder passar isso para outras pessoas, talvez meus futuros alunos.
Chef Carol Sales
É gastrônoma formada pelo Centro Universitário Senac, de Águas de São Pedro, cursa pós-graduação em cozinha brasileira na mesma instituição e mora em São Carlos/SP.
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E-mail: carol_msl@hotmail.com