Comportamento
Telômeros Pensamentos

Seus pensamentos podem encurtar telômeros

Por Alessandra Cerri

Elizabeth Blackburn ganhou o prêmio Nobel em Fisiologia e Medicina em 2009, graças às suas importantes pesquisas e descobertas relacionadas aos telômeros e à telomerase, que ainda hoje contribuem muito para a saúde da população.

Os telômeros são estruturas repetitivas de DNA localizadas nas pontas dos cromossomos, que garantem o trânsito de informações sem o desgaste do material genético. De uma maneira simplista, eles protegem os cromossomos “verdadeiros”. Quanto mais longas forem essas extremidades, mais saudáveis seremos.

Elizabeth Blackburn e Elissa Epel desenvolveram pesquisas para verificar o que prejudica ou beneficia o crescimento dos telômeros. Também investigaram o que impacta na produção da telomerase – a enzima que cria novas dessas estruturas a partir da própria sequência bioquímica.

Entre as muitas descobertas – várias delas descritas no livro “O segredo está nos telômeros”-, está a comprovação de que o estresse mental encurta as extremidades dos cromossomos. Mais que isso, elas mostraram que o estresse é diretamente influenciado pelos nossos pensamentos.

De acordo com as pesquisadoras, produzimos cerca de 65 mil pensamentos por dia e 90% deles são repetições de conceitos formulados anteriormente. Isso indica que temos uma tendência muito grande de remoer situações. O pior é que essa ruminação é ainda maior com ideias que nos fazem mal.

Segundo as autoras, essa ruminação é extremamente nociva, pois a preocupação em demasia com um pensamento provoca a permanência do estresse no corpo (liberando toxinas no organismo) por muito tempo, mesmo depois de o motivo causador do desgaste ter se encerrado.

Além da ruminação, outros hábitos mentais altamente prejudiciais aos nossos telômeros são pessimismo, devaneio e hostilidade consigo mesmo. Tais comportamentos podem ser muito dolorosos e fontes diretas de estresse, ansiedade e depressão.

Precisamos melhorar nossos padrões de reflexão e nos proteger da vulnerabilidade emocional ocasionada pela falta de autogestão. Para Blackburn e Epel, uma das formas mais eficientes de se fazer isso é pelo pensamento resiliente, o qual é possível alcançar por meio da conscienciosidade, considerada hoje um dos traços de personalidade mais consistentes para a longevidade e felicidade.

Estamos na grande maioria do tempo, alheios ao nosso presente, à mercê de nossos pensamentos e memórias negativas. Os pesquisadores Killingsworth e Gilbert descobriram que passamos metade do dia pensando em algo diferente do que estamos fazendo, inclusive, durante o sexo, conversa com amigos e exercícios. Isso é extremamente desgastante para o cérebro e para nosso nervo vago.

Além da conscienciosidade, outro fator que nos ajuda a conservar o pensamento resiliente – e, consequentemente, nossa saúde – é manter a regularidade das atividades da mente e do corpo, com a prática de exercícios físicos. Também, é importante estimular a autocompaixão, ser gentil consigo mesmo, valorizar qualidades pessoais, reduzir as críticas internas, diminuir a culpa, acordar com alegria, pensar positivamente e ser grato pelas possibilidades de cada dia.

Nossos pensamentos têm grande força e impactam diretamente em nossa saúde. Vigiá-los e usá-los a nosso favor pode ser uma estratégia altamente benéfica para a manutenção da saúde e da qualidade de vida.

Para finalizar o texto, o sábio Buda possui uma frase perfeita para nossa reflexão: “Nem teus piores inimigos podem fazer tanto dano quanto teus próprios pensamentos”.

Até a próxima! Namastê!

Sobre Alessandra Cerri

Alessandra Cerri é sócia-diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba (CLAP), mestre em Educação Física, pós-graduada em Neurociência e em Psicossomática.


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