Comportamento
Identidade da Mulher Madura

Diretora da Clap fala sobre a identidade da mulher madura na atualidade

Por Maristela Negri

Sabe aquela tarde de domingo gostosa? Garoa fina, friozinho… Momento propício para minhas próprias reflexões acerca da passagem do tempo, da chegada da maturidade e das escolhas que priorizo. De repente, uma luz. Vou rever o filme: “Do jeito que elas querem”, um longa-metragem que nos instiga a refletir sobre a identidade da mulher madura da atualidade. Sabemos das inúmeras dificuldades pelas quais passa o sexo feminino nessa fase da vida: discriminações, preconceitos etc., mas neste texto, o objetivo é pensar em como prosseguir com nossas escolhas mais conscientes, priorizando nossos próprios desejos.

O filme traz a história de quatro protagonistas mulheres, bem-sucedidas e da fiel amizade que mantêm entre si. No decorrer do enredo, as personagens, com idades acima de 60 anos, percebem a estagnação de suas vidas. Trata-se de uma narrativa sobre a redescoberta pessoal. Não gira em torno do homem ou de relacionamentos. Vai muito além. Discute o descobrir ou redescobrir da plena liberdade de escolhas.

Já no finalzinho do longa, há um interessante diálogo entre uma mãe e suas filhas, que resgato para ilustrar nossa reflexão: “Filha: – Mãe, você deve estar exausta! Você não ficou preocupada que na sua idade você dirigiu sozinha até aqui? Mãe, você poderia ter matado alguém! Mãe: – Eu acho que não é para tanto. Filha: – Só o fato de não ficar preocupada já me deixa assustada! Mãe: – Meu Deus, por favor, parem! Estou falando sério! […] Ainda não desisti da vida. Tem coisas que quero explorar. Eu tenho esse direito. […] A mãe de vocês está vivendo muito bem. Sei que estou ficando velha, mas ainda estou aprendendo, e uma das maiores lições que aprendi é não ter medo de ser feliz. Eu as amo, mas não vou ficar aqui.”

Num primeiro momento, pensando em proteger a mãe, as filhas reproduzem o preconceito que ainda existe em nossa sociedade, negando a ela a possibilidade e capacidade de dirigir sozinha, de ter autonomia de ir e vir, de fazer suas próprias escolhas. A resposta da mãe, em contrapartida, representa a busca por essa nova identidade da mulher madura, que não quer desisitir de viver a vida, quer sempre aprender mais, fazer suas próprias escolhas e não ter medo de ser feliz. É um alerta para todas nós.

Trabalho e tenho desenvolvido pesquisas com pessoas nessa idade. Tenho constatado que, assim como as protagonista de “Do jeito que elas querem”, as mulheres nessa etapa estão empenhadas em criar novas possibilidades e significados para suas existências como podemos constatar nos discursos de algumas de nossas alunas: “ser mulher, nessa fase da vida, significa estar no auge da vida pessoal, viver em plena liberdade de escolhas, realizar os próprios desejos e sonhos, sem amarras, sem nos importarmos com a idade e com a opinião dos outros, e exercendo a capacidade de escolher o que é melhor para nós mesmas.”

Podemos observar que, após uma vida sobrecarregada com a criação dos filhos, cuidados com a casa, marido e trabalho, tanto as personagens quanto nossas alunas descobriram que são donas de seu próprio tempo; não respondem mais as demandas e expectativas dos outros, e sentem que conquistaram a liberdade de ir e vir, fazer e não fazer, de serem elas mesmas, com suas próprias escolhas, protagonizando suas vidas, valorizando mais suas próprias vontades, e entendendo que as descobertas continuam, pois somos todos eternos aprendizes.

E você, cara leitora, é a protagonista de sua própria vida? Até mais!

Sobre Maristela Negri Marrano

Maristela Negri Marrano é pós-graduada em Neurociências Aplicadas à Longevidade (UFRJ), mestre em Educação Física (Unimep) e sócia-diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba (Clap).

Contato: maristela@centroclap.com.br


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