Opinião
Instituto Piracicabano de Estudos e Defesa da Democracia

Grupo cria Instituto Piracicabano de Estudos e Defesa da Democracia

Inconformado com as constantes ameaças aos direitos, às instituições e a convivência plural no país, um grupo de cerca de 80 pessoas decidiu criar o IPEDD (Instituto Piracicabano de Estudos e Defesa da Democracia). O grupo é formado por professores, pesquisadores, militantes de movimentos sociais e de partidos políticos.

O objetivo do Instituto é promover debates, reflexões e ações que defendam os direitos garantidos na Constituição contra toda e qualquer ameaça, especialmente aquelas promovidas por instituições governamentais. Os criadores da entidade a entendem como “plural, suprapartidária, voltada aos valores democráticos e republicanos do humanismo e da ética”.

A primeira reunião do grupo ocorreu em 25 de julho, quando foi aprovado um manifesto de fundação com os princípios norteadores do Instituto.

“Sob o senso de responsabilidade que a todos cabe, o momento exige atenção e reflexão da cidadania, na perspectiva de interpor, sem vacilação, resistências”, diz o documento, aprovado por aclamação.

Foi formada uma coordenação provisória e criação de Grupos de Trabalho (GTs) para promover a criação formal da entidade e planejar suas primeiras ações. A coordenação é formada pelo ex-vice-reitor da Unimep, Ely Eser Barreto Cesar, pela bióloga e pesquisadora Ana Bomtorin, pelo professor Isaac Roston, pela professora Célia Rossi e pelo jornalista e professor Wanderley Garcia.


Segue abaixo a íntegra do manifesto e a lista de fundadores do Instituto.

Manifesto em prol da criação do IPEDD (Instituto Piracicabano de Estudos e Defesa da Democracia)

A sociedade brasileira depara, nos dias que correm, com a erosão gradativa de valores civilizatórios e humanistas duramente conquistados ao longo de sua história e, por conseguinte, com a ameaça de ser novamente engolfada pelo autoritarismo, o que pode levar ao agravamento de uma crise de caráteres econômico, social e político.

Inequivocamente, a conjuntura exibe desdobramentos tenebrosos: liberação do uso de armas; desmonte de toda a estrutura de participação cidadã na formulação de políticas públicas; desmonte da política ambiental e das instituições a ela vinculadas; ataque e desmantelamento da educação; demonização das Humanidades; criminalização dos movimentos sociais; disseminação de conceitos afrontosos aos direitos humanos; pisoteamento dos direitos econômicos e sociais inscritos na Constituição de 1988; crise no Sistema de Justiça; ameaças ao Estado Democrático de Direito; precarização das relações de trabalho; intensificação das desigualdades sociais; progressiva perda da soberania nacional. Esta lista cresce a cada dia.

Sob o senso de responsabilidade que a todos cabe, o momento exige atenção e reflexão da cidadania, na perspectiva de interpor, sem vacilação, resistências. E é por essa razão que democratas de todos os matizes, brasileiros e brasileiras de todos os rincões do país, de todos os credos, idades, etnias e gênero – para além de suas legítimas diferenças de pensamento sobre distintos projetos de país – seguem gradativamente se articulando e se mobilizando numa ampla frente política em defesa da Democracia e contra o desmonte da Constituição Cidadã de 1988.

Piracicaba é uma cidade importante no contexto nacional sob os mais variados aspectos, sejam econômicos, sociais, culturais, políticos. Nossa cidade tem história inscrita em experiências democráticas e republicanas: conferências e conselhos municipais setoriais; Orçamento Participativo; Observatório Cidadão; Pira 21; Parlamento Aberto; Escola do Parlamento; Frente das Culturas; Observatório Social; entre outras. Contudo, à mercê de uma conjuntura adversa, as mesmas têm sido insuficientes para deter o avanço de ideias e posturas estranhas ao ideal democrático no seio da sociedade civil local.

O contraponto conjuntural auspicioso são as recentes e significativas manifestações nas ruas protagonizadas, principalmente, por estudantes e professores em defesa da Educação Pública e Gratuita, que se desdobram em outras mobilizações por direitos sociais e econômicos, destacadamente em defesa da Seguridade Social.

Nesse contexto, um conjunto de cidadãos e cidadãs de nossa cidade, que subscrevem este Manifesto, decidiu criar e implementar o IPEDD (Instituto Piracicabano de Estudos e Defesa da Democracia). Trata-se de uma organização não governamental, sem fins lucrativos, constituída como entidade plural, suprapartidária, voltada aos valores democráticos e republicanos do humanismo e da ética. Por certo, esta iniciativa não recusa nem substitui a atividade partidária, essencial ao pleno funcionamento do regime democrático. Em linha harmônica e colaborativa com as demais instituições democráticas da sociedade civil local, o IPEDD construirá sua vocação para os estudos e debates sobre o tema da Democracia, dedicando-se de forma efetiva à consecução dos objetivos que lhe dão nome.

Piracicaba, 25 de julho de 2019

Assinam:

  • Adelino Francisco de Oliveira, filósofo
  • Adriele Sachs, Bacharel em Direito
  • Alexandre Bragion, bacharel e pós graduado em Letras
  • Ana Durvalina Bontorim, bióloga
  • Ana Mariza Fontoura, psicóloga
  • Anselmo Figueiredo, comunicador social e ator
  • Beatriz Vicentini, jornalista
  • Bruno Grisotto Vello, cientista político
  • Carlos Alberto Zem, professor Administração Unimep
  • Carlos Virgílio Borges, professor
  • Célia Regina Rossi, professora Unesp
  • Cesar Donizete Pereira Leite, professor Unesp
  • Cesar Romero Amaral Vieira, professor de ensino superior
  • Claúdia Megale Adamettes, socióloga
  • Cristiane Buso Sanches, jornalista
  • Cristiano Morini, coordenador curso Administração Unicamp-Limeira
  • Damaris Campos de Almeida Silva, estudante economia Esalq
  • Daniela Redigolo, Assistente Social
  • Dorgival Henrique, administrador de empresas
  • Eduardo Pacheco Gianetti, administrador de empresas
  • Eliana Tadeu Terci, economista
  • Ely Eser Barreto Cesar, ex vice reitor Unimep
  • Estevam Vanale Otero, arquiteto e urbanista
  • Fabíola Cristina R. de Oliveira, economista
  • Fábio Rogério dos Santos, sociólogo
  • Francisco Cerignoni, Presidente Conselho Estadual Assuntos de
  • Deficiência
  • Geny Mattus, funcionária pública federal aposentada
  • Glória Bonilha Cavaggioni, jornalista
  • Hélio Hintze, educador e pesquisador interdisciplinar
  • Huyra Estevão, professor IFSP-Piracicaba
  • Isaac Jorge Roston Junior, engenheiro, ex-vereador
  • Janet Raquel Teixeira Machado, socióloga
  • Jefferson de Oliveira Goulart, cientista político
  • José Antonio, professor rede pública
  • José Machado, economista
  • Karen Silveira, jornalista
  • Laura Alves Martirane, professora Esalq
  • Lina Agifu, atriz
  • Lorival Fante, físico
  • Lucelene Nogueira, psicóloga
  • Luci Mara da Silva Guedes, economista
  • Luiz Antônio Calmon Nabuco Lastoria, professor Unesp
  • Manuel R. Guglielmo, especialista artes visuais
  • Marcelo Basso, jornalista
  • Marcelo Vidal Fontoura, músico
  • Marcio Lambais, professor aposentado Esalq
  • Marcos Marcelo de Moraes e Matos, advogado
  • Marcos Sorrentino, professor Esalq aposentado
  • Mariana Gomes de Senzi, psicóloga
  • Maria da Paz G. Henrique, professora rede pública aposentada
  • Maria Guiomar Carneiro Tommasiello, física
  • Maria Teresa Martins de Carvalho, assistente social
  • Maria Tereza Miguel Perez, economista
  • Mário Tommasiello, professor Esalq e ex-vereador
  • Miltes A. Machuca Martins, professora Ciências Contábeis EEP
  • Mônica C. Cabello de Brito, eng. Agrônoma e empresária
  • Nilce Maria Altenfelder Silva de Arruda Campos, psicóloga
  • Paulo Morgado Rodrigues, filósofo
  • Pedro Faleiros, psicólogo
  • Perci Zilli Bertolini, médico
  • Plínio Barbosa de Camargo, pesquisador CENA-USP
  • Rafael Gonzaga de Macedo, historiador
  • Renato Gomes Leitão Travassos, sociólogo
  • Roberto Braga, professor Unesp
  • Rui A. Kleiner, músico
  • Sabrina Rodrigues Bologna, jornalista
  • Sandra Regina lambais, professora aposentada
  • Sebastião Neto Ribeiro Guedes, economista
  • Sérgio Spenassato, advogado
  • Silvana Aparecida Delbin Paccola, professora Ciências Sociais
  • Silvana Veríssimo, ativista de direitos humanos
  • Silvia Maria Morales, engenheira civil
  • Simone Lantana, engenheira florestal
  • Sueli Totti Weiss, arquiteta
  • Suzy Maria Lagazzi, Linguista
  • Tatiana Ranzani Maurano, psicóloga
  • Valdemar Sguissardi, filósofo e cientista da educação
  • Valdemir Pires, economista
  • Virgínia Célia Camilotti, historiadora
  • Walton Pousas, empresário
  • Wanderley Florêncio Garcia, jornalista
  • Willey Lopes Sucasas, advogado
  • Yuri Seike Henrique, professor Educação Física
  • Zilma Maria Franca Bandel, bióloga

Crédito da foto: Wanderley Garcia

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