Atriz piracicabana Monica Corazza está na novela Orgulho e Paixão, da Rede Globo
Os romances da emblemática escritora inglesa Jane Austen (1775-1817) são a inspiração para a trama da novela Orgulho e Paixão, que a Rede Globo exibe desde 20 de março, no horário das seis, sob a direção geral de Fred Mayrink. Com texto assinado por Marcos Bernstein (roteirista do premiado Central do Brasil, de Walter Salles), a novela tem um elenco estelar, que vai de Malvino Salvador a Tarcísio Meira, de Gabriela Duarte a Vera Holtz. E tem também a atriz piracicabana Monica Corazza, que entra em cena em meados de abril na pele da personagem Madame Ivete.
Cláusulas contratuais impedem Monica de dar detalhes sobre a personagem, mas ela adianta que contracena, entre outros, com a atriz Nathalia Dill, intérprete de Elisabeta, a protagonista da trama, que se desenrola no interior paulista, em 1919. Aliás, novela de época é um dos pontos fortes da Rede Globo, que já produziu verdadeiros clássicos da teledramaturgia brasileira, famosos no mundo todo.
Aos 58 anos (ela não tem o menor problema em revelar a idade), Monica vive seu melhor momento profissional e prova que é possível mergulhar fundo naquilo que a gente ama fazer em qualquer momento da vida. No auge da maturidade, ela decidiu resgatar a ‘paixão’ da juventude pelos palcos e mostra que ‘chegar lá’ é só uma consequência. O que vale mesmo é o prazer de aprender e de fazer o percurso.
Nesta entrevista exclusiva, Monica fala sobre seu trabalho e deste momento tão especial em sua vida.
Papo com Cris – Depois da novela Haja Coração (Globo) e de uma participação incrível na série Os Suburbanos (Multishow), você agora é escalada para fazer uma novela de época do horário das 6, na Globo. Como se sente?
Monica Corazza – Muito feliz. A novela Orgulho e Paixão está com uma audiência altíssima. Entre os personagens há mulheres fortes, justamente neste momento em que se fala do empoderamento feminino. É uma novela colorida e de alto-astral. Me encanta muito a equipe que está por trás das câmeras. Fred (Mayrink, diretor geral) é extremamente capacitado e uma pessoa maravilhosa. Ele tem uma carreira brilhante e seu diferencial é a capacidade de fazer da equipe uma verdadeira ‘família’. Fazer a novela neste clima acaba sendo uma curtição.
Bons diretores fazem diferença na carreira de um ator ou atriz?
Tenho pouco tempo de televisão, mas a tive sorte de poder trabalhar com dois diretores incríveis e por quem tenho carinho, que são Fred Mayrink e Luciano Sabino. Na primeira novela, Haja Coração, a direção geral era do Fred, e o Luciano era meu diretor de cena. Depois fui fazer Os Suburbanos a convite do Luciano. Eles dizem que eu tenho uma ‘assinatura’ como atriz…
Seus dois primeiros papéis tinham essa ‘pegada’ da comédia, né?
Eu levo a vida num bom astral. Tenho uma relação com o ‘outro’. Desde menina, não consigo viver só a minha vida. Tenho essa veia de comédia, mas tenho um lado dramático muito forte também. Os Suburbanos era uma comédia escrachada, mas meu personagem, Dona Cláudia, era oposto de tudo aquilo.
Hà quem pense que você virou atriz ‘de repente’ (risos)… Mas você se formou na tradicional Escola Macunaíma de Teatro, nos anos 80, e participou de várias montagens teatrais. Já tinha alguma experiência com TV?
Meu primeiro contato com câmera foi na Rede Globo. E não tive tempo nenhum pra testar nada. É chegar e fazer. Fiz curso de TV, cinema e minha formação é no teatro.
Mas, conta essa história de voltar ao ofício de atuar…
Depois de passar boa parte da minha vida dedicada à fotografia (uma das minhas paixões), à administração da minha agência de turismo (Geográfica), comecei a dar uma ‘fuçada’ nas novidades que surgem nas técnicas de atuação teatral. Queria me atualizar, mas não tinha intenção em fazer nada específico. Me matriculei num workshop que a Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) estava promovendo, focado no mundo corporativo. Era ministrado por uma atriz. Tivemos que preparar uma apresentação e, naquele momento, a ‘atriz’ dentro de mim aflorou, veio com força. Fui, então, em busca de uma preparadora de elenco, a Paloma Riani, no Rio de Janeiro. Depois fui fazer workshop com Luciano Sabino, com Telma Guedes (autora)… Aì você começa a se relacionar com as pessoas, começa a trocar informações, fortalece seu network. Fiz workshop com Fred Mayrink, fui pro Grupo Tapa de teatro com quem passo cinco horas estudando textos, toda semana, e tenho o prazer de conviver com o diretor Eduardo Tolentino. Ano passado comecei a fazer aula de voz, trabalho de corpo. Sinto me conectar com aquilo que realmente faz sentido, aquilo que me me interessa. Estou com pessoas envolvidas com coisas bacanas.
E a família? O que pensa de tudo isso?
Me apoia e incentiva. Meu marido (Lorenzo Stefani) me diz que eu sonhava com isso, mas eu não me lembro… (risos). Minha filha Eleonora é uma grande parceira nesta história porque me ajudou demais ao me mostrar a importância do entendimentoi e da interpretação de texto nesta nova fase. Sou muito grata a ela. Quando você faz o que gosta, você se cura. Amigas dizem que se inspiram em mim. Eu também me inspirei em outras pessoas. A gente faz essa troca. As pessoas precisam em busca da própria felicidade.
Qual foi a sensação de chegar ao Projac e gravar sua primeira cena de novela na Rede Globo?
Me senti como se estivesse na minha casa… (risos) Eu acho que eu sonhei muito coim isso. Foi impressionante. Quando fui agora fazer Orgulho e Paixão, fiquei preocupada. Falei: E agora? Vai ser igual? (risos)… O bacana disso tudo é saber que alguém acreditou em mim. É o sonho dividido.
O que tem de mais apaixonante nas artes cênicas do Brasil hoje?
Tudo o que te ativa, que tira você da acomodação, vale a pena. Ir a um espetáculo é uma forma de você ativar esses sensores. E eu gosto de novela. Ela faz parte da nossa cultura, chega ao ribeirinho da Amazônia, por exemplo. A novela coloca questões importantes para reflexão. Não podemos desvalorizar isso.
Você tem contracenado com atores e atrizes de grande talento…
Sim! Trabalhei com a Sueli Franco, uma pessoa generosa, me dava dicas… Uma querida!Foi maravilhoso. Contracenei com o maravilhoso Gabriel Godoy, em Haja Coração. Não podia ter tido uma ‘porta’ melhor que essa na minha entrada para a Globo. Em Orgulho e Paixão gravei cenas com a incrível Nathalia Dill.
E quem são suas referências na dramaturgia brasileira?
São várias, mas quero citar três grandes divas: Fernanda Montenegro, Laura Cardoso e Nathalia Timberg.
Tem vontade de fazer outros trabalhos, como cinema, por exemplo?
Adoraria fazer minissérie e cinema, mas não menosprezo nenhum tipo de trabalho. A Letícia Sabatella me disse que eu preciso fazer Medeia, no teatro, por conta da minha voz. Eu não menosprezo nenhum tipo de trabalho. Estou a serviço da arte.
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