Baú do Vovô aposta nas estampas tie dye
Aposentado, Antonio Ricardo Sanches descobre o prazer do trabalho artesanal, cria a marca Baú do Vovô, faz estampas exclusivas em tie dye e dá um ‘olé’ na depressão. E o melhor: esse cara é meu pai! Acompanhe a história!
Bjs da Cris
Ele construiu uma brilhante carreira na área da segurança pública e privada. Antonio Ricardo Sanches, 73, foi policial rodoviário; criou e gerenciou, nos anos 70 e 80, a empresa de segurança do então poderoso Grupo Dedini; foi o primeiro gerente de segurança e operações do Shopping Piracicaba; e comandante das Guardas Civis de Santa Bárbara D’Oeste e de Piracicaba (esta última por duas vezes).
Quando se aposentou, decidiu curtir a vida sobre sua motocicleta e ganhou as estradas do país, chegando a ultrapassar suas fronteiras algumas vezes. No auge da diversão, um diagnóstico de insuficiência renal crônica o tirou das pistas, o colocou numa máquina de hemodiálise 12 horas por semana e o jogou na depressão. Viu a cara da morte bem de pertinho, mas, como uma fênix (ele gosta dessa comparação!), ressurgiu das cinzas.
Recobrar o prazer de viver não foi fácil. Há aproximadamente um ano, depois de assistir a uma reportegm na TV sobre customização de jeans, ele decidiu tentar aprender a técnica. Comprou o material necessário e começou a praticar. Deu certo! Calças, shorts, bermudas, coletes e jaquetas ganharam um ar mais despojado com desfiados, tachas, miçangas e cristais.
“Pouco tempo depois, vi outra matéria na TV sobre Tie Dye. Achei interessante e comecei a pesquisar mais sobre o assunto na internet, assim como o Shibori também”, conta ele. ‘Tie Dye’, do inglês ‘tie’ (amarrar) e ‘dye’ (tingir) é uma forma de arte. Ela cria padrões de cor no tecido das mais variadas formas, utilizando as cores que desejar, para alcançar resultados quase sempre improváveis e com ótimas surpresas no resultado final. Jà o shibori, segundo a Wikipedia, “é uma técnica de tingimento manual japonesa que produz padrões no tecido. A técnica consiste em costurar, dobrar, amarrar ou prender o tecido para, então, mergulhá-lo em tintura; as partes amarradas ou presas não são tingidas”.
Ricardo conta que existem diversos tipos de estampas, mas seu forte mesmo é a do tipo ‘Spider’ (aranha, em inglês). “Faço, em média, 10 peças por semana e nunca uma sai igual à outra”, explica. Ele resume o processo de produção em quatro etapas: “Primeiro, coloco a peça de molho numa solução de carbonato de sódio. Depois, deixo de molho numa solução com ureia. A terceira etapa é o tingimento. Finalmente, coloco a peça numa estufa, onde ela fica por 72 horas para secar”.
No ateliê improvisado que instalou na edícula do quintal de sua casa, RIcardo dedica perto de cinco horas por dia a sua nova paixão. Motivado pela procura por suas peças, que só tem crescido, ele criou a marca Baú do Vovô e exibe suas roupas estampadas artesanalmente na fanpage (facebook.com/Baú-do-Vovô). As peças custam de R$ 25 a R$ 80.
“Essa arte me ajudou muito como terapia contra a depressão. Aconselho a todas as pessoas que se aposentam que procurem e encontrem algo com que se ocupar. É importante manter-se ativo e interessado em realizar algo”, conclui.
Baú do Vovô by Ricardo Sanches
Para saber mais, acesse a página do Facebook do Baú do Vovô.