Uso de umidificadores pode causar rinite e asma
Aumento acima de 60% da umidade ambiental favorece os ácaros e o surgimento de alergias. Melhor a fazer é ventilar a casa o máximo possível e tomar bastante água
Depois de os termômetros registrarem frio recorde, com neve caindo em dezenas de cidades brasileiras, nos últimos dias o calor e a baixa umidade têm predominado em boa parte do país. Esse clima típico do inverno brasileiro leva muita gente a tomar velhas providências para aumentar a umidade dos ambientes. Além de aparelhos umidificadores, panos molhados e baldes com água são comumente usados em residências, empresas e escolas. Mas esse hábito esconde perigos sérios para a saúde, alerta o biomédico Roberto Martins Figueiredo, o Dr. Bactéria.
“O aumento acima de 60% da umidade ambiental favorece os ácaros e, consequentemente, o aparecimento de sintomas de rinite e asma, tão comuns nesta época do ano”, diz Dr. Bactéria. “Por isso, abandone o uso de umidificadores, toalhas molhadas e baldes com água nos ambientes, por mais secos que pareçam”, ressalta o biomédico.
O melhor a fazer é ventilar a casa o máximo possível e beber água em abundância. “As pessoas não bebem água como deveriam. Bebem apenas quando estão com sede. Mas a sede é um pedido desesperado do organismo. O ideal é tomar água antes que ela surja”, ensina Dr. Bactéria. Uma boa maneira de determinar a ingestão diária recomendada de água é dividir o peso de cada um por 30. Assim, uma pessoa de 70 quilos precisa de 2,3 litros de água por dia.
O problema da umidade nos ambientes internos, prossegue Dr. Bactéria, é que ela serve de alimento para os ácaros. Aliados à poeira doméstica, índices de umidade acima de 60% favorecem a reprodução de ácaros, cujas fezes acabam indo parar em cortinas, itens de vestuário, travesseiros e colchões, podendo ser inspiradas por qualquer um. A inalação das fezes dos ácaros pode causar processos alérgicos.
Mas, então, por que se fala tanto dos riscos do ar seco nesta época do ano? Eles de fato existem, mas se concentram em ambientes externos. Dentro de uma casa com janelas fechadas, os percentuais de umidade pela manhã costumam ficar acima de 60%, mesmo se a parte de fora da casa apresentar umidade inferior a 40%. Diante disso, umidificadores, toalhas molhadas e bacias com água somente podem ser utilizados em conjunto com um higrômetro, nome dado a aparelhos para medição da umidade do ar. Com esse dispositivo é possível evitar que a umidade ultrapasse os 60%. “Como quase ninguém tem higrômetro em casa, o melhor a fazer é evitar qualquer procedimento com potencial para aumentar descontroladamente a umidade dos ambientes”, conclui Dr. Bactéria.
Mais sobre o Dr. Bactéria
Pseudônimo do biomédico Roberto Martins Figueiredo, Dr. Bactéria é um personagem midiático ímpar no Brasil – e talvez até no mundo. Apropriando-se do que ele mesmo define como “dona de casês”, isto é, uma linguagem simples, clara e objetiva, que pode ser facilmente entendida por leigos e também por profissionais e estudantes da área, Dr Bactéria difunde informações técnicas e de interesse público na mídia de todo o país, prestando um serviço importante para a promoção da saúde e do bem-estar de muitos brasileiros. Além de assinar diversos artigos em veículos de comunicação impressos e digitais, o biomédico já escreveu cinco livros e colabora regularmente com reportagens de jornais, revistas, sites, rádios e TVs de todo o Brasil. Formado em biomedicina, com especialização em saúde pública e marketing, pela FGV; e em engenharia da qualidade, controle de processos e auditorias da qualidade, pela POLI-USP, Roberto Figueiredo protagonizou a campanha do Ministério da Saúde de prevenção da gripe suína. Seus livros são: “Xô, Bactéria! – Tire suas Dúvidas com Dr. Bactéria”, “Programa de redução de patógenos”, “Como não comer fungos, bactérias e outros bichos que fazem mal”, “Armadilhas de uma cozinha” e “Dr Bactéria – Um guia para passar a vida a limpo”.