Saúde
Infarto em mulheres

Mulheres têm dificuldade em reconhecer sintomas do infarto e demoram para procurar ajuda

Enquanto neles, a dor no peito é um sinal, elas se queixam de dor nas costas, cansaço, queimação no estômago e náusea e associam a crise a problemas gastrointestinais ou ortopédicos, ignorando os sintomas do infarto e retardando a procura do socorro médico

Algumas doenças não acometem homens e mulheres da mesma forma, por isso é importante saber dessas diferenças para evitar transtornos e finais inesperados. O infarto, uma das principais causas de morte no mundo, encabeça essa lista. Enquanto neles a dor no peito é comum e vem acompanhada de vômito e sudorese, nelas, os sinais são outros e menos evidentes. A dor no peito não é relatada em mais de 40% dos casos nas infartadas, apontou estudo com mais de 1 milhão de pacientes nos Estados Unidos, conduzido pelo Centro Médico de Lakeland (Flórida).

“As mulheres se queixam mais de dor nas costas, cansaço, queimação no estômago e náusea”, alerta a Drª Magaly Arrais, cardiologista e cirurgiã cardíaca do Hospital do Coração, em São Paulo

“Esses sinais, nem sempre reconhecidos e relacionados ao coração, fazem com que as mulheres associem o mal-estar a problemas gastrointestinais ou ortopédicos, o que faz com que demorem para procurar socorro médico. É algo preocupante, pois sabemos que os indivíduos enfartados sem atendimento morrem mais”, esclarece.

Somado a esses sinais, outras condições negligenciadas pelas mulheres as transformam em vítimas potenciais, como o crescimento da obesidade, o descontrole do diabetes e dos níveis do colesterol, o tabagismo, o sedentarismo, o estresse do dia a dia e a pressão arterial elevada. “A jornada tripla da mulher moderna aumentou o estresse e a ansiedade – fatores que também deixam elas mais suscetíveis aos problemas cardíacos”, destaca a especialista.

Estimativas também apontam que a probabilidade de a mulher morrer de infarto é 50% maior quando comparada aos homens. Segundo a cardiologista, isso acontece por uma série de fatores. Um das explicações refere-se ao menor calibre das artérias das mulheres, as placas ateromatosas tendem a fechar mais a artérias delas do que dos homens, o que faz com que a obstrução seja mais grave, tornando-as mais propicias a oclusões arteriais. O estrógeno tem função vasodilatadora, evita o acúmulo do LDL, o colesterol ruim, e facilita o HDL, colesterol bom. “Na menopausa, período em que as mulheres estão mais velhas e mais propensas a males cardiovasculares, o estrógeno apresenta queda progressiva e diminuição desse efeito protetor”, argumenta.

Mesmo podendo acometer todas as pessoas em faixas etárias distintas, o infarto é ainda mais frequente em homens, a partir dos 55 anos, e nas mulheres, após 65. Mas, o que acontece ao coração durante esse tipo de ocorrência? “O infarto acontece em decorrência da oclusão arterial, sem receber o sangue, o tecido não irrigado necrosa, morre”, explica. “Trata-se de uma doença traiçoeira, pois nem todos pacientes apresentam sintomas característicos e a sobrevida depende do diagnóstico e tratamento precoces”, conclui.


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