Saúde

Celise Denardi: a doutora do coração

Ela tem um sorriso contagiante e sua presença transmite força, alegria e segurança. Na infância, fomos vizinhas e estudamos no mesmo colégio (o antigo Sesi 85 e atual Instituto Baronesa de Rezende), na Vila Rezende.

Celise Alessandra Sobral Denardi nasceu em Americana, mas, assim como eu, é piracicabana de coração. Hoje é uma conceituada cardiologista que, nas (poucas) horas vagas, faz incursões pela cozinha inventando e testando receitas, medita, dança, curte moda e busca o prazer nas pequenas coisas da vida.

Celise Denardi

Ela encontrou um espaço em sua agenda atribulada para esse adorável Papo com Cris. Vale a pena conferir!

Papo com Cris – Pensei que você fosse piracicabana…

Celise Denardi – Nasci em Americana, em 26 de outubro de 1969, mas sou piracicabana de coração e opção. Nascer em Americana foi um acidente de percurso, pois naquela época meus saudosos pais (que partiram para o outro lado há um ano), moravam em Rafard. Papai era engenheiro agrônomo (filho da gloriosa Esalq) e foi um dos pioneiros a trabalhar com a produção de açúcar e álcool, e mamãe foi mãe 24 horas por dia. Moramos em Rafard, Porto Feliz e só então viemos para Piracicaba.

Vieram morar direto na Vila Rezende?

Não, inicialmente fomos para o bairro Monte Alegre, mas foi por pouco tempo.  Depois fomos para a Vila Rezende, onde moramos por muitos anos. Estudei no colégio das freiras (antigo Ssesi 85  e hoje Instituto Baronesa de Resende). Naquela época, aos cinco anos de idade, decidi que queria ser médica. Achava lindo ser médico, cuidar de doentes, atender aos que precisavam.  O ensino médio fiz no Colégio Dom Bosco que, naquela época, só havia a unidade do Bairro Alto. Fiz cursinho no CLQ e, então, em 1989, entrei na tão sonhada Faculdade de Medicina na PUC-Campinas. Foram  seis anos de muito estudo, dedicação e aprendizado. Já havia optado pela cardiologia ainda aos cinco anos de idade e, apesar dos inúmeros estágios em outras especialidades, estudar o coração ainda me causava fascínio.

Você voltou para Piracicaba após se formar?

Logo após a formatura, em 1994, fiquei mais um ano em Campinas fazendo residência com um grupo muito forte na área e, em 1995, parti para uma residência médica em cardiologia no Unicor. Após esse período, passei dois anos na Unifesp (antiga Escola Paulista de  Medicina), na cardiologia infantil. Voltei para Campinas, onde permaneci por quase dois anos e, então, retornei a Piracicaba, onde permaneço desde então. Mantive meus laços acadêmicos até 2010, lecionando e pesquisando na USP Incor, Puccamp e Faculdade de Medicina do ABC. Viajei muito pelo mundo afora com atividades acadêmicas e também a lazer. Já trabalhei muito com emergência e UTI, mas hoje estou numa fase mais tranquila, fazendo ambulatório de especialidades na Prefeitura Piracicaba, onde consegui montar um ambulatório de cardiologia da criança e do adolescente com atendimento diferenciado até os 18 anos de idade. E os adultos têm um horário específico para eles.

Já atendeu em consultório próprio?

Já tentei algumas vezes, mas nunca foi o meu forte; Sempre gostei do serviço público. Acho que este tipo de trabalho nos permite trocas valiosas com outros profissionais da equipe e com o público. Às vezes, as pessoas e os próprios semelhantes não entendem isso bem. Também faço parte da equipe do Emcor, onde trabalho alguns dias da semana.

O que lhe dá prazer no seu ofício? E onde estão as dificuldades?

Tenho um prazer imenso em poder colaborar para o bem-estar de uma pessoa. Digo sempre que as pequenas grandes coisas me realizam. Por exemplo: ser lembrada com pequenos grandes gestos. As dificuldades são muitas como excesso de trabalho, mas, como sou otimista demais, sempre vejo o lado bom de qualquer situação. Vivemos uma fase em que o médico é considerado – de modo inadequado – o culpado pela ineficiência dos sistemas público e privado de saúde. As pessoas não têm mais respeito e nem educação com quem trabalha sério. Isso vale para as outras profissões também.

O que você faz para manter o equilíbrio físico, mental e emocional?

Bem, espiritualidade com fé em Deus em primeiro lugar. Sem Ele não somos nada. Somam-se, então, os valores morais e éticos aprendidos em casa e transmitidos pelos meus pais. Ioga, academia, meditação e dança complementam. Períodos pequenos de ócio estão nos próximos planos, pois, como diria Domenico Di Mais (sociólogo italiano), o ócio é criativo.

O que tira você do sério?

Pessoas que mentem para levar alguma vantagem ou que se fazem de coitadas.

Fora da rotina profissional, o que você gosta de fazer? Tem algum hobby?

Gosto de muitas coisas: dança do ventre, ioga . Estive na Índia, onde fiz um curso de ioga; também fiz o curso no Brasil. Adoro cozinhar e criar receitas: cozinhar é um ato de amor, né? O amor é o principal tempero. Gosto de ir ao mercado, ao varejão e descobrir novos ingredientes, sabores e aromas e, então, criar novos pratos!

Você tem uma presença marcante e positiva nas redes sociais. Como se sente em relação a isso? Tem retornos positivos?

Legal, gosto muito das redes sociais que facilitam muito nossa vida que já é tão corrida. Posso manter contato com pessoas que, mesmo longe, se fazem presentes. Gosto de ver as pessoas bem e felizes. Pessoa feliz quase não fica doente. Curto muito poder ajudar outras pessoas com um simples clic – curtir!! As redes sociais também exercem um papel educativo e cultural, além de servirem como porta de entrada para alguns profissionais na oferta de serviços e bens. Fico muito feliz quando alguém me diz: “vi sua mensagem de hoje e me fez bem”. Posto somente coisas boas e instrutivas, educativas, pois, para ver notícias ruins é só ligar a TV em algum telejornal sensacionalista. O mundo precisa de mais amor!

Na música ‘Wave’, Tom Jobim escreveu que “fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho”. Você concorda?

Claro que sim ! E adoro Tom Jobim!! Um dos meus preferidos, pois, é fantástico cantar o amor de modo tão simples. O ser humano precisa viver em grupo, em sociedade, em família – seja de sangue ou não. E, claro que o amor, no sentido de casal, é de suma importância. O amor faz bem para a saúde.

Você sempre nos brinda com looks bacanas que posta nas redes sociais. Como se relaciona com a moda?

Adoro moda, Cris! Desde pequena gostava de criar looks e desenhar modelitos. Na época de faculdade, desenhava minhas roupas – calças de linho de cores claras e camisas de cambraia de linho brancas e bordadas. Fazia até o desenho dos bordados e levava para a bordadeira. Morava em Campinas na época e descobri duas irmãs que trabalhavam com restauração de móveis e que faziam sapatilhas e tiaras em couro sob encomenda.  Nem preciso falar que virei cliente delas, né? Desenhava sapatilhas em couro, camurça, clarinhas, bicolores, e as tiaras e fivelas combinando. Tenho saudades daquela época.

Defina-se numa frase ou numa palavra.

Difícil esta, hein?? Sempre procuro ver o lado bom de qualquer situação. A vida é da cor que a gente pinta.

Deixe seu recado pra Cris.

Sucesso sempre, querida amiga! Obrigada pelo carinho e pela oportunidade.

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