Uma reflexão sobre a paternidade
Por Anna Lívia Pacífico
Como agosto é o mês em que se comemora o Dia dos Pais, trago a reflexão sobre a paternidade nos dias de hoje. Pra mim, não tem como falar da paternidade se não falar da maternidade também. Esses são dois temas complementares e não excludentes. Um não existe sem o outro.
Ao escrever esse texto, pensei na maternidade da década de 50 pra cá. Nos anos 50, as mulheres se casavam para ter filhos e sua função era resumida a cuidar da casa, dos filhos e do marido. Não se questionava outra forma de ser. Isso estava muito bem posto. Naquele contexto, a paternidade tinha a função de oferecer o sustento financeiro.
As mulheres que se casavam na década de 70 tinham um contexto um pouco diferente. Elas já tinham uma inserção, ainda que tímida, no mercado de trabalho. Elas conseguiram romper, em partes, com a função exclusiva de cuidar da casa e dos filhos, mas não com a obrigação de que eram as únicas responsáveis por essas tarefas. Com isso, a paternidade ainda era vista do mesmo lugar: longe do cuidado dos filhos.
A mulher que casou na década de 90 já tinha um nível de escolaridade maior, estava mais inserida no mercado de trabalho, inclusive, voltava a trabalhar mesmo depois de ter os filhos. Aqui, a paternidade começavas a se diferenciar, pois o pai já ajudava nos cuidados com os filhos.
As mulheres que se casaram a partir de 2010, passaram a ter filhos mais tarde. A realização profissional tomou um lugar de destaque em sua vida. Elas têm muito mais “independência”, inclusive na hora de escolher o parceiro e de ser mãe. Elas têm mais acesso aàescolaridade e a pensar na maternidade de forma diferente daquela pregada na década de 50. Aqui, ela vive um dilema na hora de ser mãe: como conciliar a carreira com a maternidade, o que a faz ora abdicar da carreira, ora ter uma jornada excessiva de trabalho para terceirizar a educação. A paternidade aqui está mais presente. Os pais continuam ajudando e auxiliam mais do que aqueles dos anos 90.
O fato é : eles “ajudam”, e essa consciência é o que alimenta ainda a mulher no mesmo lugar daquela da década de 50 : as mulheres são as responsáveis pela educação de seus filhos e os homens ajudam naquilo que é obrigação delas.
Hoje, fala-se de uma paternidade ativa, aquela em que a principal diferença está na consciência de que educar um filho é uma responsabilidade de um pai e de uma mãe. Aqui, o pai assume a sua responsabilidade nesse processo e não encara mais como uma ajuda que ele está dando para a mãe. Ele está sendo responsável por uma parte que é sua e não apenas sendo “bonzinho” ao ajudar a mãe.
Como falei no início, não dá pra falar de paternidade sem falar de maternidade. Se a paternidade vem mudando ao longo do tempo, é porque a forma como as mulheres encaram a maternidade também está mudando. A forma como elas se veem nesse processo exige mais, exige que ela repense a sua postura, para que passe a esperar uma postura diferente daquele que, estando ou não ao seu lado, tem a obrigação e o direito de participar da educação dessa criança, que precisa dos dois para ser criada e não apenas na hora de ser gerada.
Qual o lugar que nós mulheres colocamos os homens enquanto pais? Que lugar é esse que nós o enxergamos? E que lugar é o que nós mulheres estamos nos enxergando enquanto mães? Qual é o espaço que estamos dando aos homens para que eles exerçam sua paternidade? Será que os encaramos como responsáveis ou como ajudantes? Já que busquei fazer uma contextualização da década de 50, 70, 90 e 2010, pra finalizar, como será que vai estar a relação paternidade e maternidade em 2030?
Sobre Anna Lívia Pacífico
Anna Lívia Pacífico Barros Mota é psicóloga, master trainer em Psicologia Positiva, Terapeuta em EMDR. É proprietária da Pacífico Treinamentos.
Para saber mais sobre a psicóloga Anna Livia Pacifico, leia a entrevista publicada aqui no blog Papo com Cris.
Anna Lívia Pacífico – psicóloga
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