Mães sejam felizes! Isso é o melhor que vocês podem oferecer aos seus filhos
Por Anna Lívia Pacífico
Carolina participa de um grupo de Whatsapp com as amigas da época da faculdade. Elas sempre trocam mensagens, especialmente às quartas-feiras, quando se reúnem para o happy hour. Faz algum tempo que Carolina não tem ido. Sua vida profissional tem exigido muito dela, além da jornada de esposa e de mãe do João. As suas quartas-feiras têm se tornado mais o ‘dia do dilema’ do que do happy hour. Ela sente falta de sair pra jogar conversa fora com as amigas, já que adora esse programa. Mas, por outro lado, sente a culpa de ter que deixar o João nesses dias.
A semana passada foi muito desafiadora para Carolina no trabalho. Na quarta-feira, logo pela manhã, ao se deparar com um problema na equipe que lidera, todo o seu trabalho foi concentrado na solução dessa demanda. Naquele dia, eram 15h quando conseguiu parar para almoçar. Naquele momento, ela deu uma olhada no Whatsapp e lá estavam suas amigas combinando o encontro ao final do dia.
Carolina sonhava em confirmar a presença também, tudo o que mais precisava era dar boas gargalhadas, afinal, o que é a felicidade, se não ‘micromomentos’ de positividade? Estava digitando que iria ao encontro das amigas, quando se lembrou do filho João: “Ah! Mas, e o João?” Saiu imediatamente da conversa para falar com o filho. Ela disse claramente a ele qual o desejo dela: encontrar suas amigas e conversar, assim como ele gosta de ir brincar com os amiguinhos. João ouviu e entendeu que naquele dia iria dormir antes da mamãe Carolina chegar, e tudo bem.Carolina, mesmo se sentindo culpada, volta à conversa e marca com as amigas.
Toda noite, na hora de dormir, João tem o encontro legal do dia. Nesse momento, os pais leem histórias pra ele e, depois, cada um fala de três coisas bacanas que aconteceram ao longo dia. Naquele dia, a mamãe não estava e, logo após o momento legal, João disse que queria deixar um bilhete para que, quando ela chegasse, pudesse ler. E assim terminou a quarta-feira de João.
Carolina estava radiante naquela noite com as amigas. Parece que o mundo parou para que ela vivesse aquele momento. O mundo parecia ter parado mesmo… Quando olhou para o relógio, tinham se passado cinco horas, que mais pareciam cinco décadas de tão intensas e gostosas. Até o celular esqueceu de olhar.
É chegada a hora de ir embora e Carolina mal podia guardar dentro de si toda aquela alegria. Sentia-se renovada. Ao chegar em casa, encontrou um papel rabiscado em cima da mesa:
“Mamãe, antes de me fazer feliz, seja feliz, pois é com você que eu aprendo a maioria das coisas. Ass. João”.
Carolina sentou-se no sofá e repensou a sua vida em uma fração de segundos. Relembrou todas as conversas com as amigas e, depois dessa quarta-feira, muita coisa mudou. A disposição com que se levantou na quinta-feira para tomar café da manhã com sua família foi tão contagiante que até mesmo João reconheceu. Naquela manhã de quinta-feira, uma ficha caiu para Carolina: “Se eu não estiver feliz, com quem meu filho vai aprender sobre felicidade? Se eu não me cuidar em primeiro lugar, como posso cuidar de alguém que precisa tanto de mim? E isso não será egoismo?”, pensou.
Durante o fim de semana, Carolina assistiu a um documentário que retratava a dinâmica de um grupo de apoio para pais fortes, em que há um resgate desses pais como seres humanos, e uma parábola naquele documentário acabou de uma vez por todas com os questionamentos daquela manhã de quinta-feira: “Uma mãe que, voltando do mercado, depara-se com seus filhos gritando por fome, se esconde na cozinha e faz uma boa refeição para si mesma. Quando alguém pergunta como é que ela pode ser tão egoísta, ela responde: ‘Estou preparando uma mãe forte e saudável para eles’.” (Amit, 1997)
É, naquele momento Carolina se conscientizou: “Eu preciso estar bem para vê-lo bem e, pra isso, às vezes, vou ter que sacrificar um pouco ele por mim. A partir de hoje, vou ser feliz, e isso não é egoísmo, é o melhor que eu posso oferecer ao meu filho”.
Sobre Anna Lívia Pacífico
Anna Lívia Pacífico Barros Mota é psicóloga, master trainer em Psicologia Positiva, Terapeuta em EMDR. É proprietária da Pacífico Treinamentos.
Para saber mais sobre a psicóloga Anna Livia Pacifico, leia a entrevista publicada aqui no blog Papo com Cris.
Anna Lívia Pacífico – psicóloga
E-mail: livia.pacifico@outlook.com
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