Jessica A. Fogaça
Os filhos únicos normalmente são crianças planejadas, pois os pais decidiram ter apenas um filho para poder dar tudo de forma integral, principalmente atenção exclusiva. Mas tudo que é demais pode gerar saciação ou despreparo para lidar com a falta e os pais precisam ficar atentos. Devem dar amor e atenção, mas também impor limites, assim, a criança crescerá sabendo o que é certo e errado e que o mundo não gira em torno dela.
Como os filhos únicos convivem com muitos adultos, são crianças com vocabulário avançado para a idade e são muito criativos, já que desenvolvem habilidades brincando sozinhos. Mas, por outro lado, faltam modelos variados de conduta e, muitas vezes, apresentam dificuldades de relacionamento principalmente com outras crianças. As outras crianças, que vivem em um padrão diferente, não o compreendem devido ao seu repertório diferenciado e por isso há desavenças.
Por estar acostumado a ser o centro das atenções e ter seus gostos realizados pelos adultos, o filho único tem dificuldade em dividir e ser frustrado. Isso implica em uma inabilidade para lidar com o próximo quando esse não faz aquilo que esperam.
Na relação com outras crianças isso tende a se agravar, pois o outro pode não querer ceder. Sem habilidade para lidar com isso, é comum que o filho único arrume confusões e até mesmo bata em um coleguinha ou seja vítima de uma criança maior. Mas isso acontece só até a sua adaptação para lidar com um semelhante e reconhecer as diferentes regras de um novo ambiente.
Assim, é importante que os pais de filhos únicos favoreçam o contato de seu filho com outras crianças, para que eles aprendam as regras de conduta dos pequenos, levando os filhos para passear em locais infantis, beneficiando o contato e o entrosamento com novas crianças.
Outro fator importante é dar os limites adequados, pois, muitas vezes os pais relevam atitudes inadequadas porque seu filho é “sozinho”. Isso não faz bem à criança, pois ela não aprende as conseqüências de seus atos e não sabe até onde pode ir. Assim como também não ajuda nada superproteger o filho, uma vez que ele não saberá se defender sozinho; o que é fundamental no convívio com outras crianças e no futuro para suas relações sociais em geral.
Outro fator a ser considerado é quando os pais esperam atitudes maduras de seus filhos. Lembre-se, ele pode mostrar algumas atitudes maduras porque convive com muitos adultos, mas ainda é uma criança. Os comportamentos acima da norma são uma exceção e não a regra.
Para auxiliar o desenvolvimento saudável do filho único, ensine-o a compartilhar. Aprendendo a dividir, ele terá um convívio mais fácil com os demais.
Jéssica A. Fogaça é psicóloga infantil, comportamental e arte educadora. CRP 6/95913
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