Comportamento

Como evitar a adultização das meninas

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A infância é um estágio muito suscetível a intervenções ideológicas. Para os pequenos, os pais são a grande referência. Aqueles a quem se deve seguir os passos, o que faz engrandecer a responsabilidade de transmitir uma imagem adequada. Muitas são as dificuldades enfrentadas por eles para alcançar este objetivo – e a precoce adoção de tratamentos de beleza pelas meninas é um bom exemplo.

Algumas mães, conscientes ou não, influenciam as filhas a participar desse universo estético. “As crianças, em sua maioria, buscam seguir o modelo que a mãe oferece, portanto, quando a mãe se cuida, se enfeita e valoriza seus atributos físicos, a filha normalmente vai buscar imitá-la, principalmente nos primeiros anos da infância” analisa a psicólogo e psicopedagoga, Eliana de Bairro, diretora do Colégio Global.

Frente a frustrações quanto à sua própria imagem, a mãe pode ser, muitas vezes, persuasiva, insistindo em criar nas filhas o padrão de beleza que ambicionou para si. “Isso não é aconselhável”, diz Eliana, “pois assim a mãe impõe a sua vontade, o seu desejo. Respeitar o modo de ser da filha é um bom aprendizado para ambas”.

O uso de apetrechos como o esmalte e o batom representa a erotização da mulher e ressalta sua prontidão sexual. “Ao permitir que a criança se ‘fantasie’ de mulher adulta, a mãe estará agindo de forma equivocada e poderá confundir tanto a criança como o adulto que a vê, pois estará mostrando uma ‘mulher’ que ainda não existe na criança”, ressalta Eliana de Barros.

Quando a criança é exposta a um público, usando maquiagem, pode surgir uma interpretação maliciosa a seu respeito. “Seria uma incoerência e um jogo perigoso expor a filha a olhares erotizados, com a comunicação de uma mensagem diferente daquela que realmente deve ser emitida”, diz a especialista. “A criança é inocente e adota posturas erotizadas levada pelo desejo de ‘imitar’ a mãe, mulher adulta que um dia ela deseja ser”.

Da infância à fase adulta, a criança é submetida, muitas vezes, a uma evolução precoce. À mãe, segundo orientam os especialistas, cabe estabelecer medidas que proporcionem aos pequenos um total e gradual aproveitamento dos estágios da vida. “É de grande importância os sinais que a criança percebe em sua conquista. São marcos do desenvolvimento como o primeiro sutiã, o sapato de saltinho, a primeira menstruação e etc. São etapas na evolução e no desenvolver de sua autonomia. São importantes rituais para marcar a passagem de uma fase a outra valorizando cada uma, dando importância a todas”, salienta Eliana, que orienta orienta para a criação de rotinas desde cedo. O objetivo é possibilitar aos filhos o conhecimento de futuros passos, e com isso facilitar o cumprimento e a percepção das etapas de seu desenvolvimento. “A criança se sente protegida e segura”, diz.

“Brincar de se enfeitar como a mamãe é muito natural e saudável, mas devemos fazer uso dessas ferramentas sempre sem perder de vista o olhar lúdico do ‘faz-de-conta’”. A especialista enfatiza que, mesmo quando a iniciativa de se maquiar parte das filhas, as mães não devem ceder. O uso momentâneo e vistoriado desses equipamentos, como utensílios de diversão, é até mesmo aconselhável, porém é preciso deixar claro que a única utilidade desse material para elas é como brinquedo – as mães devem dar preferência aos produtos desenvolvidos especialmente para essa ocasião; propriamente destinados as crianças.

“A criança precocemente erotizada pelo uso de roupas e outros pertences do mundo adulto pode ficar muito exposta e adota atitudes que não condizem com sua condição. Essa situação gera crianças caricatas e que no futuro próximo, quando adolescentes, se apresentam amadurecidas demais, envelhecidas e de certa forma tristes por não exercerem a sua infância, outras retrocedem e vivem como eternas meninas”, conclui Eliana de Barros.

CONTATOS

Eliana de Barros Santos

Psicóloga e diretora pedagógica do Colégio Global
Av. Prof. Alfonso Bovero, 456 – Sumaré – São Paulo/SP
Telefone: (11) 3673-3577
www.colegioglobal.com/global

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