Roberta Kassouf, uma estrela da arquitetura
Conheço Roberta de Toledo Pinazza Kassouf de longa data, mais precisamente desde que ela estava na pré-escola. Não, não é nenhum exagero da minha parte… (risos). Estudamos no mesmo colégio e fomos vizinhas no mesmo condomínio por alguns anos. Aliás, Roberta e a irmã Renata frequentavam as aulas de violão popular que eu dava pra galera do prédio e, pelo que me lembro, eram bem talentosas.
Mas talento é o que não falta para a Roberta. Arquiteta formada pela Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), ela é hoje uma profissional renomada, com obras estampadas nas páginas de publicações de peso como a revista Vogue, e participação sempre brilhante nas principais mostras de decoração e arquitetura do Estado.
Casada com o empresário Samir Kassouf e mãe da linda Paloma, Roberta é piracicabana e continua linda, de uma simpatia contagiante e feliz com o que a vida lhe proporciona. Veja o que conta nesse Papo com Cris.
Papo com Cris – Conte-me um pouco sobre a sua trajetória profissional, desde que se formou em arquitetura.
Roberta Kassouf – Há pessoas que cruzam o nosso caminho e modificam o nosso destino. Assim aconteceu comigo: um amigo de classe, já empresário, tinha negócios em Indaiatuba e me convidou para abrir um escritório com ele lá, por ser uma cidade muito próspera. Eu era recém-casada e havia acabado de me mudar de Piracicaba para Campinas. A cidade era muito grande e eu não conhecia ninguém. Consequentemente, seria muito difícil abrir meu escritório por lá. Já em Indaiatuba, que é uma cidade bem menor, meu amigo era um comerciante muito conhecido, tornou-se meu sócio, trouxe-nos vários clientes e logo no começo já tínhamos vários projetos. Em pouco tempo tivemos nosso trabalho reconhecido e fomos, aos poucos, nos tornando conhecidos e respeitados profissionalmente. Porém, meu sócio não conseguiu conciliar a carreira de arquiteto com a de empresário, e acabei seguindo carreira solo depois de alguns anos. As publicações em revistas e o sucesso constante em mostras de decoração — Casa Cor Campinas, Campinas Decor, Indaiatuba Decor, Mostra Artefacto (São Paulo e Campinas), Mostra Líder — trouxeram clientes de toda a região como Campinas, Americana, Piracicaba, Limeira, e também clientes de São Paulo e de outros estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro. Atualmente divido meu tempo entre o escritório de Campinas e o de Indaiatuba.
Como escolheu a profissão? O que te motivou?
A arquitetura surgiu de forma inesperada na minha vida. Nunca fui aquela pessoa que já nasceu sabendo o que seria na vida. Aos 17 anos, entrei na Faculdade de Ciência da Computação, pois sempre fui ótima aluna nas matérias de exatas e achava que esta seria minha área. Aos 24 anos estava trabalhando numa multinacional alemã, em Piracicaba, e percebi que aquela rotina não me fazia feliz. Foi então que busquei na essência da minha infância algo que me fornecesse o que buscava: uma aproximação com a arte, com a natureza e uma sensibilidade em relação à forma de viver do ser humano. Assim encontrei a arquitetura. A arquitetura de interiores surgiu no decorrer da minha carreira, com a necessidade de completar meus projetos arquitetônicos. Desta forma, o resultado dos meus trabalhos tinha mais harmonia e uma linguagem única.
Que características definem seu trabalho?
O equilíbrio e a simetria norteiam o meu trabalho. Por meio delas crio e produzo ambientes leves que traduzem tranquilidade, aconchego, praticidade e conforto, levando sempre em conta os interesses pessoais de cada cliente.
Quem são suas referências na arquitetura nacional e mundial?
Admiro todos os profissionais que foram precursores da arquitetura contemporânea no inicio do século 20, como Le Corbusier e Mies Van Der Rohe. Mas aqui vou citar os arquitetos que estão atualmente em plena fase de produção. Admiro as obras dos arquitetos brasileiros Isay Weinfield, Marcio Kogan, Roberto Migotto, David Bastos, Débora Aguiar, entre outros. Todos possuem uma linha contemporânea de trabalho aliada a materiais naturais como pedra e madeira. Na arquitetura mundial, sou admiradora de inúmeros arquitetos como: Santiago Calatrava, Zaha Hadid, Tadao Ando, Renzo Piano, Jean Novel, Richard Meier e David Chipperfield.
Quando e por que saiu de Piracicaba?
Nasci em Piracicaba e vivi lá até meus 27 anos. Assim que me casei, tive que me mudar para Campinas, pois meu marido trabalha lá.
Como é seu trabalho hoje em Campinas?
A sede o meu escritório é em Indaiatuba, mas tenho um escritório de apoio em Campinas, onde atendo os clientes da cidade e região para que não precisem se deslocar até Indaiatuba.
Você tem sempre uma presença marcante e bem-sucedida em mostras de arquitetura e decoração. Elas alavancaram sua carreira de alguma forma?
As mostras de decoração foram e são uma vitrine para mim. Elas são muito divulgadas e muito visitadas. As de Campinas chegam a receber 35 mil pessoas. Por meio delas percebi a grande aceitação do meu trabalho. Em todas as mostras o meu ambiente sempre foi um dos mais votados pelo público o que tornou meu trabalho muito mais conhecido.
A arquitetura está mais acessível às pessoas?
Sim, sem dúvida. Primeiramente, as pessoas descobriram que a função de um arquiteto não é somente deixar sua casa esteticamente mais bonita. Atualmente, o cliente sabe que a função do arquiteto é construir, reformar e decorar com um custo-benefício que atenda às necessidades do cliente. Com todo o conhecimento técnico sobre melhor dimensionamento de espaços, insolação, conhecimento sobre diferentes materiais no mercado, o arquiteto consegue proporcionar às pessoas uma melhor qualidade de vida aliada ao bolso de cada um. Com o dia a dia tão agitado e corrido que a sociedade está encarando, as pessoas estão cada vez mais investindo em seu bem-estar dentro de casa, buscando ter mais conforto, funcionalidade e aconchego.
O que ‘alimenta’ a sua criatividade?
A minha criatividade é alimentada pelo meu olhar. Estou a todo momento buscando referências por meio das viagens, de revistas, de livros e pesquisas. Atualmente, com o advento da internet, temos em nossas mãos um mundo de referências e informações, o que nos permite estar sempre atualizados.
O que te dá mais prazer no seu trabalho?
O meu trabalho é sempre prazeroso quando tenho o respeito e a confiança do meu cliente. Quando isso acontece, o resultado é incrivelmente melhor. Neste caso, há uma troca de experiências, de boa energia, há dialogo, nada é imposto, mas sugerido, e a consequência deste entrosamento é a satisfação do cliente, que é o meu maior objetivo.
O que gosta de fazer quando não está trabalhando?
Gosto de estar com minha família e com meus melhores amigos. Eles são meu maior bem. Com eles recarrego minhas energias, me divirto, me distraio. É uma delícia!
Tem algum sonho pra realizar? Qual?
Sonho para eu realizar? Sinceramente, sou uma pessoa realizada. Não sou ambiciosa, tenho uma essência simples, e não tenho grandes sonhos… Mas tenho outros sonhos que são sonhos coletivos, como sonhar para que os valores morais, como honestidade, respeito ao próximo e o bom caráter do ser humano sejam resgatados. Acho que estas características são fundamentais para mudarmos o nosso país. O brasileiro hoje está moralmente denegrido perante o mundo. Somos sinônimo de mau-caráter, de desonestos, de mentirosos, de querer levar vantagem em tudo. Se conseguíssemos que as pessoas adquirissem estes valores, estaríamos certos de estar no caminho para um país melhor, com uma melhor distribuição de renda, de pessoas mais justas e comprometidas com o próximo. Este realmente é um sonho…
Deixe um recado pra Cris.
Cris, estou muito feliz por poder fazer parte do seu trabalho. Estou com um sentimento tão gostoso… de alegria e nostalgia… relembrando nossa infância, nossas aulas de violão na casa dos seus pais, durante a semana, à noite… E agora, eu, arquiteta, concedendo esta entrevista para esta grande profissional do jornalismo. Que honra!! Obrigada Cris!!