ICEN promove Encontro dos Caipiracicabanos e lança a sexta versão do Arco, Tarco e Verva
Sou uma profunda admiradora do jornalista e escritor Cecílio Elias Neto, não apenas pelo uso magistral que ele sempre fez das palavras, mas por sua paixão irrestrita por Piracicaba. Estar com Cecílio nos faz esquecer o tempo. Ficamos ávidos por suas palavras, suas histórias, seu raciocínio sagaz, seu jeito ‘fidalgo’ e seu charme irresistível. A ideia da criação do Icen, instituto que leva seu nome, é muito bem-vinda e já completa um ano, agora com uma sede que será inaugurada no próximo dia 30. Quero estar com você, Cecílio, e com todos os caipiracicabanos de ‘pedigree’ que você vai reunir nesta noite. Salve, Cecílio!
A linda foto logo abaixo é do fantástico Fábio Mendes
A cidade de Piracicaba vive um momento histórico e único com o tombamento do dialeto e sotaque caipiracicabanos, um ato de reconhecimento de seus valores culturais, que os transformam em patrimônios imateriais do município, a ser promulgado pelo prefeito Gabriel Ferrato, em solenidade agendada para o dia 25 de agosto de 2016, às 15 horas, na Casa da Cultura, Engenho Central.
O pedido de registro do dialeto e sotaque caipiracicabanos como patrimônios imateriais partiu do ICEN – Instituto Cecílio Elias Netto, que, unido a outras três entidades culturais – o Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), a Associação Piracicabana de Artistas Plásticos (APAP) e a Academia Piracicabana de Letras (APL) –, requereu junto ao CODEPAC – Conselho de Defesa de Patrimônio Cultural de Piracicaba o seu devido reconhecimento.
Vale ressaltar que o Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva, de Cecílio Elias Netto, oficializado como Livro-Símbolo da cidade (Decreto Legislativo nº 15, de 30/8/2001), serviu como documento comprobatório e foi peça-chave para o referido registro, um reconhecimento mais que justo, levando-se em consideração que o sotaque é fundamental para a identidade de um povo.
O carioca é facilmente identificado através de seu sotaque. Ele abre a boca e todos conseguem localizar sua origem. O mesmo acontece com o gaúcho, com o mineiro e com o nordestino. E, dentro de São Paulo, Piracicaba é a que mais guarda esse tesouro linguístico. O “falar caipira” sofre muita variação de região para região, mas possui fortes raízes na cidade de Piracicaba, onde o ‘erre’ é muito mais puxado. Além de uma identidade, o dialeto caipiracicabano é visto e reconhecido pelas autoridades locais como um patrimônio público, uma verdadeira grife.
No momento em que Piracicaba reconhece o dialeto e sotaque caipiracicabanos como Patrimônios Imateriais do Município, O ICEN promove no próximo dia 30 de agosto o ‘I Encontro dos Caipiracicabanos’, evento comemorativo ao seu primeiro aniversário, com uma série de ações, entre as quais a inauguração de sua sede na Rua do Porto, exposição de obras de artistas locais, exposição de livros do caipiracicabano Cecílio Elias Netto, apresentação do Caipiracicabinha, mascote da entidade, e lançamento do ‘Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva’, que, em sua sexta versão, presta homenagem a José Ferraz de Almeida Jr, a quem o autor intitula como primeiro ‘caipira’ da história. “Muito antes de Monteiro Lobato, de Cornélio Pires, de Amadeu Amaral, de Thales de Andrade, de João Chiarini e, modestamente, deste autor, foi Almeida Júnior quem enxergou, sentiu e entendeu a alma caipira como um privilégio especialíssimo.
Não haveria o caipiracicabano, sem, antes, o caipira de Almeida Júnior. Não haveria uma caipiracicabanidade, sem, antes, a descoberta do valor do caipirismo por Almeida Júnior”, afirma Cecílio Elias Netto.
CAIPIRACICABINHA, DOCE MASCOTE
Além de defender o caipiracicabanismo, o ICEN tem como meta também abraçar a preservação do meio ambiente, principalmente de potenciais ecológicos como o Rio Piracicaba e Tanquã, região que remete ao pantanal mato-grossense. “Nosso caipira está muito bem representado na figura de Nhô Quim, mascote do XV de Piracicaba, e tido hoje como sinônimo da cidade. Portanto, resolvemos adotar um pássaro como mascote, o Caipiracicabinha, com o propósito de representar e proteger a fauna e a vegetação existente no Tanquã. São mais de 150 espécies de aves identificadas, num cenário que o coloca como um dos principais locais do país para observação de aves. Além de aves típicas do Pantanal, o local oferece espécies de outras regiões, com destaques para o marrecão, tuiuiú, colhereiro, cabeça-seca, marrecas como a asa-branca, marreca-cri-cri, marreca-caneleira, marreca-de-bico-roxo, o mergulhão-caçador, o pato-de-crista e aves de rapina, como o gavião-do-banhado, gavião caboclo, gavião-caramujeiro, águia-pescadora, sem contar várias espécies de maçaricos e de garças residentes nesse precioso local, além de lindas aves como o frango-d’água-azul”, justifica Marcelo Fuzeti Elias, presidente do ICEN.
Cecílio Elias Netto, nascido em Piracicaba, no dia 24 de junho de 1940, é jornalista, bacharel em Direito e escritor, com mais de 20 livros publicados, entre as quais as obras “Isto é Meu Corpo”, “Misere Mei, Amor”, “Bagaços da Cana”, “Bom Dia – Crônicas do autoexílio e da prisão”, “Piracicaba que amamos tanto”, Piracicaba, um rio que passou em nossa vida” e “Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva”, com mais de 50 mil cópias vendidas. Apaixonado por sua terra natal, Cecílio, desde muito jovem, abraçou a missão de se aprofundar, de cuidar, de preservar, de conservar, de proteger e de propagar a riquíssima história de Piracicaba. O expressivo número de obras publicadas (como jornalista e escritor) e a posse de amplo material iconográfico da cidade fazem de Cecílio Elias Netto um colecionador de rara expressão e grande fonte a todos que queiram aprofundar-se na história do município. Os mais de 40.000 itens, entre fotos, negativos, cartões postais, desenhos, gravuras, jornais, revistas e livros – abrangendo um período cronológico que se estende do século 19 aos dias atuais –, estimularam familiares e um grupo de amigos a imortalizá-lo, ainda em vida, com a criação de um instituto de pesquisa e desenvolvimento cultural que leva o seu nome, o ICEN – Instituto Cecílio Elias Netto, entidade fundada em 25 de agosto de 2015, sem fins lucrativos, tendo como principal objetivo o cultivo e a propagação do cenário artístico, cultural, social e ambiental do município, através de ações múltiplas.
I ENCONTRO DOS CAIPIRACICABANOS
Evento comemorativo ao 1º aniversário do ICEN
– Inauguração da nova sede;
– Apresentação de grupos musicais caipiracicabanos;
– Apresentação do Caipiracicabinha, mascote da entidade;
– Degustação da Caninha Caipiracicabana Arco, Tarco e Verva;
– Exposição e venda de obras de artistas caipiracicabanos (Beth Elias e Ricardo Lemaire de Moraes);
– Exposição e venda de livros do escritor caipiracicabano Cecílio Elias Netto;
– Leitura do Decreto que transforma o dialeto e o sotaque caipiracicabanos em Patrimônios Imateriais de Piracicaba;
– Lançamento do Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva (6ª edição).
Horário: a partir das 18 horas
Local: Travessa Luiz Thomazzi, S/N – esquina com a Rua do Porto (ao lado do restaurante Arapuca) – Piracicaba – SP