Cultura
Bazar das Abelhas - Ipedd

Festival da Democracia recebe doações de livros para o Bazar das Abelhas

Evento do Ipedd recupera memória do antigo Clube das Abelhas; a ação visa democratizar o acesso a diferentes tipos de literatura

O Instituto Piracicabano de Estudos e Defesa da Democracia (Ipedd) realiza no dia 9 de novembro a primeira edição do Festival da Democracia. Um dos espaços é inspirado na história do Clube das Abelhas – veja subtítulo abaixo. O Bazar das Abelhas funcionará durante o evento e está recebendo doações de livros de todas as áreas. O ponto de coleta é na rua Mathias Schimidt, 74, Vila Monteiro. As doações podem ser entregues no período noturno, ou as segundas, quartas e sextas-feiras desde a manhã até às 15h. Os exemplares estarão divididos por áreas no festival e terão preços acessíveis.

A renda será revertida para as despesas do Ipedd e para novas ações do instituto, como compra de papel e pagamento de cópias de materiais educativos e de divulgação de atividades. O Festival da Democracia tem entrada franca e acontecerá das 13h às 19h na antiga Escola Marquês de Monte Alegre, hoje Casa do Marquês. O espaço fica na avenida Comendador Pedro Morganti, 4.970, no bairro Monte Alegre.

Lançado oficialmente no último dia 5 de setembro, o Ipedd é um grupo que se dispõe a estudar e a partilhar informações sobre a democracia. “E a democracia é a participação de todos os cidadãos e cidadãs nos destinos da pátria, participando e definindo rumos. No entanto, na democracia representativa, acabamos tendo muito pouco espaço para o exercício democrático. Nosso desafio é este. Não temos receitas prontas. Estamos abrindo este espaço novo, reconhecendo déficits e procurando dialogar com toda a sociedade, sobretudo com os partidos políticos, que são os que fazem a política no país.

Nosso instituto não surge por acaso. Ele se forma espontaneamente. Hoje temos aproximadamente 200 membros e todos os dias estão chegando mais pessoas. O que nos congrega? Há uma conjuntura que nos leva a este desafio”, reflete o professor Ely Eser Barreto Cesar, ex-vice-reitor da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e coordenador do instituto.

História & Homenagem

Com o intuito de debater a importância dos clubes de leitura para a formação de leitores, o encontro traz histórias do Clube das Abelhas, grupo de mulheres que se encontravam na biblioteca de Monte Alegre para discutir literatura e outros assuntos. As abelhas eram Avete Pettan, Ana Elisabete Caldeira, Aldaiza Paviglione, Cristina das Neves, Ana Maria Silveira Mello, Maria Isabel Ferri Fais, Ana Maria Santine, Thereza Brunelli, Marilda de Luccas, Vera Lúcia Corrêa, Ana Maria Ferraz de Camargo, Elza Rai, Cynira Retamero, Maria das Graças Rodrigues (falecida), Maria Ignez Manesco (falecida), Wanda Amaral dos Santos, Lúcia Helena Migliorin e Alda Tonin. Ilda Rigitano foi a autora e coordenadora do clube.

Abaixo, um texto poético escrito por Marilda Sampronha, uma das integrantes do Clube das Abelhas.

Quem ousaria pensar que pudesse acontecer,
Em lugar distante da cidade
Algumas moças na mais tenra idade
Juntavam aos mais belos sonhos, a vontade de vencer?

Lá pelos anos sessenta, num bairro canavieiro,
O Clube das Abelhas se unia e discutia,
problemas sociais, boas maneiras, família,
era um compartilhamento, onde o próximo era o primeiro.

Um bairro humilde, mas lá havia biblioteca.
Em meio a tanta lida e vida dura,
As jovens sonhadoras dispensavam a boneca
Acreditavam no futuro e davam importância à leitura.
Um grupo simples, contudo tinha como riquezas,
O companheirismo, a amizade, e em tudo via beleza.

A cada encontro, momentos de aprendizado, sempre uma nova lição.
Ilda Rigitano, in memorian, era quem conduzia essa missão.

Um grupo unido, cujo nome lembra o mel,
A doçura da cana, o açúcar da usina.
Moças que ficaram vivas na memória, cada uma que passou por ele, deixou uma parte de sua história.

A música Green Fields fez brotar emoções,
era a nossa preferida, tocava os corações.
Cantada em coro, deixava, às vezes, uma lágrima caída.
Rolava pelo rosto, saudade de alguma triste partida.

Ah! Saudades do Clube das Abelhas!
Um encantamento que, ainda vivo, permanece.
Um grupo que lançou semente e ainda cresce.
Mesmo em tempo distante, continua sol radiante, uma faísca, como uma divina centelha…


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