Nutricionista Cristianny Frasson Matyis: adoçantes artificiais têm vantagens e desvantagens
O uso dos adoçantes, os famosos substitutos do açúcar, sempre foi um assunto muito polêmico. As pessoas têm muitas dúvidas sobre os tipos, quantidade a ser consumida, prós e contras da utilização e quando devem ser usados.
Adoçantes artificiais têm vantagens e desvantagens e, assim como outros substitutos do açúcar, são encontrados em uma grande variedade de alimentos e bebidas comercializados como “sugar free”, “no sugar”, “diet”, “zero”, “light”, “sem adição de açúcar”, incluindo refrigerantes, gomas de mascar, geleias, pães, doces, sucos de frutas, sorvetes e iogurtes.
O fato de praticamente não ter calorias é um grande atrativo no controle de peso. Por outro lado, o açúcar de mesa (sacarose) possui cerca de 4 Kcal por grama.
Cuidados com o Diabetes
Edulcorantes podem ser uma opção ao açúcar para os portadores de diabetes; geralmente não elevam os níveis de açúcar no sangue porque não são carboidratos. Mas, por conta de preocupações sobre como esses substitutos são rotulados e classificados, cabe consultar o médico ou nutricionista sobre sua indicação e utilização.
Cada adoçante possui uma quantidade máxima diária recomendada e, na minha opinião, um produto que contenha vários tipos de adoçantes combinados seria o ideal, pois assim consumimos menores quantidades de cada um deles.
Vou listar os principais adoçantes encontrados no mercado e falar sobre as vantagens e desvantagens de cada um deles.
1. Sacarina
O mais antigo dentre os adoçantes não calóricos artificiais foi descoberto em 1878, e passou a ser utilizado durante a Primeira Guerra Mundial devido à falta de açúcar. A partir dos anos 1960, tornou-se popular por ser não-calórico. Tem um gosto amargo no final, o que faz com que normalmente seja misturado com outros adoçantes (como o ciclamato).
Tem um poder adoçante 300 vezes maior que o açúcar.
Nos anos 70, foi realizado um experimento em que a sacarina produziu câncer de bexiga em ratos. Entretanto, as doses utilizadas eram muito superiores às utilizadas no ser humano, e a química da urina do rato é diferente da nossa, o que leva a sacarina a cristalizar-se na bexiga dos mesmos, sendo que a irritação crônica causada pelos cristais é que está associada ao câncer. Devido a esse experimento ainda hoje é tida como cancerígena.
A sacarina também não é o adoçante mais indicado para as mulheres grávidas. Isso porque é permeável à placenta e difícil de ser excretada pelo feto.
Entretanto, com mais de 100 anos de uso, não há evidências científicas de que seja prejudicial à saúde.
Minha opinião: se puder viver sem, melhor. Mas certamente é menos tóxica do que o açúcar.
2. Ciclamato de sódio
É o mais polêmico dos adoçantes. Descoberto em 1937, foi banido dos EUA em 1969 depois que estudos em ratos (com uma dose equivalente de ciclamato e sacarina a 350 latas de refrigerante por dia) provocou câncer de bexiga. Permanece banido nos EUA.
É aprovado em mais de 55 países, inclusive na Comunidade Europeia e no Brasil. Tem um gosto amargo no final, assim como a sacarina. Sua combinação com a sacarina (numa proporção de 10:1) faz com que um cancele o amargo do outro, sendo esta a fórmula dos adoçantes mais vendidos no Brasil.
No país, o uso do ciclamato de sódio é controlado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e está restrito a concentrações limitadas. Recentemente, a Anvisa alterou o limite máximo permitido de ciclamato para 40 mg a 56 mg a cada 100 ml ou 100 gramas.
Se houvesse um adoçante comercial composto 100% por ciclamato, uma pessoa de 70 kg poderia consumir diariamente, no máximo, seis sachês. Mas não há marca comercial que utilize apenas o ciclamato na composição. Ele está sempre associado a outros adoçantes e, dessa forma, a quantidade presente nos produtos é muito pequena.
Adoça cerca de 50 vezes mais que o açúcar.
Na minha opinião deve-se utilizar a menor quantidade possível ou substituir por outro tipo mais saudável.
3. Acessulfame K
Descoberto em 1967, é 200 vezes mais doce do que o açúcar, e tem um leve gosto amargo no final. Estudos em animais, com o equivalente à dose presente em mais de 1000 latas de refrigerante ao dia, não indicaram potencial carcinogênico. Costuma ser associado a outros adoçantes.
Ele começou a ser usado nos Estados Unidos em 1988, principalmente em doces, bolos, sobremesas congeladas, bebidas, misturas para sobremesas e adoçantes de mesa.
A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos considera o adoçante como seguro para todos os grupos de pessoas, contando com a validação de mais de 90 estudos. Hoje em dia, é usado em mais de 4.000 produtos em mais de 90 países no mundo
A única restrição ao consumo desse adoçante é para portadores de doenças renais ou outras patologias cujo tratamento deve restringir o consumo de potássio.
4. Aspartame
Tem o gosto mais parecido com o do açúcar e não costuma deixar gosto amargo no paladar da maioria das pessoas. É composto de dois aminoácidos (fenilalanina e aspartato). É metabolizado pelo organismo em seus aminoácidos constituintes. Assim, tecnicamente, contém calorias, mas como é 200 vezes mais doce do que o açúcar, é utilizado em doses tão pequenas que suas calorias acabam sendo efetivamente zero.
O aspartame tem sido acusado como causa de inúmeras doenças, desde câncer até esclerose múltipla. Há uma notícia que circula pela internet há anos, falando dos males do aspartame, mas na verdade, trata-se de uma notícia falsa com citações inverídicas. Os estudos epidemiológicos não conseguiram estabelecer nenhuma correlação entre o consumo de aspartame e nenhuma doença.
Chego à conclusão de que existem muitas dúvidas quanto aos malefícios desse adoçante, pois alguns estudos falam do seu potencial carcinogênico, enquanto outros relatam a segurança do uso e com a quantidade de conflitos de interesse da indústria, não podemos ter certeza de que é tão seguro assim.
5. Estévia
A estévia é uma planta conhecida como Stevia rebaudiana e o esteviosídeo é a substância doce extraída da planta, sendo cerca de 300 vezes mais doce do que o açúcar e, por isso, se torna uma alternativa interessante para uso em dietas de restrição calórica ou para manutenção do peso.
É, portanto, um produto natural. O maior inconveniente é o pronunciado gosto amargo para algumas pessoas. Tem boa estabilidade em altas e baixas temperaturas, podendo ser levado ao fogo e ao congelador.
6. Sucralose
Trata-se de um edulcorante artificial popular, fabricado a partir da sacarose. A sua forma final é cerca de 600 vezes mais doce do que o açúcar: é produzida pela adição de três átomos de cloro para cada molécula de sacarose. Este processo faz com que o corpo não a reconheça como um carboidrato; considerando que não é digerida como açúcar, assim o organismo não é capaz de usá-la para geração de energia, de forma que nenhuma caloria será metabolizada
É talvez o adoçante artificial não-calórico considerado mais seguro. O fato de não apresentar gosto amargo e de ser estável a altas temperaturas (permitindo seu uso no preparo de receitas) o tornou muito popular.
Pelo fato de possuir cloro em sua composição, alguns pesquisadores afirmam que compete com a absorção de iodo na glândula da tireoide, sendo contraindicado para pessoas que possuem distúrbios na tireoide.
7. Frutose
É extraída das frutas maduras, de alguns vegetais e do mel, e pode ser consumida por diabéticos, mas só com orientação médica ou de uma nutricionista. Produz 4 kcal/g, o mesmo valor da sacarose (açúcar comum). Por essa razão, é desaconselhável para regimes de emagrecimento.
No entanto, a frutose é uma vez e meia mais doce que o açúcar, reduzindo assim a quantidade usada, ou seja, precisa de menos frutose para dar o mesmo sabor doce do açúcar. Além disso pode provocar cárie.
Preste atenção no que diz o rótulo
Os polióis são considerados uma classe especial de carboidratos, podendo ser classificados em monossacarídeos, incluindo o sorbitol, o manitol, o xilitol e o eritritol, como dissacarídeos, incluindo o maltitol, o lactitol e o isomalte, ou podendo ser formados por meio de uma mistura de sacarídeos e polissacarídeos hidrogenados, incluindo o xarope de glicose hidrogenado, que é muito utilizado na indústria
Quase todos os produtos diet como chocolates e “doces” diet contém polióis, e o mais comum é o maltitol.
O maltitol tem 75% do impacto glicêmico do açúcar, mas tem apenas 75% da doçura do açúcar, ou seja, são elas por elas. Acontece que, pela lei, o produto pode receber a palavra DIET no rótulo e pode receber a expressão ZERO AÇÚCAR no rótulo, mesmo que seja cheio de maltitol. Mas o maltitol eleva a glicose no sangue quase (75%) tanto quanto o açúcar, mas, tecnicamente, não é um açúcar, portanto não é ilegal afirmar que o produto contém zero açúcar. Entendeu?
Se eu tiver um chocolate com 100g de açúcar, e outro com 100g de maltitol, o chocolate com 100g de maltitol equivale, em termos do efeito na glicose no sangue, a 75g do chocolate com açúcar, mas o chocolate com maltitol pode, por lei, ser vendido como Diet e Zero açúcar.
Por isso devemos estar atentos às quantidades diárias ingeridas e à composição do produto que estamos consumindo.
Nesses meus mais de 30 anos de carreira no jornalismo, tive (e continuo tendo) a oportunidade de conhecer e me relacionar com grandes profissionais da área da saúde, equilíbrio e bem-estar. Posso dizer, sem medo de errar, que meu network nesta área é bastante sólido e diversificado.
Por estar sempre antenada no que acontece na cidade e região, muita gente me pede indicação de profissionais da saúde que sejam confiáveis e competentes.
Sendo assim, decidi criar um digital em 2021, no qual apresentava e indicava profissionais das mais diversas áreas da saúde, equilíbrio e bem-estar. Agora voltamos com a segunda edição para 2024
Quando precisar de um especialista, você pode recorrer a este guia, sempre com novas dicas incluídas para sua maior comodidade e conforto.
Trata-se de um trabalho coberto de boas energias do início ao fim. Está abençoado. Sou grata a Deus por concretizar mais este projeto.
Que este guia possa ajudar a todos que a ele recorrerem!
Bjs da Cris!
Para conhecer os profissionais que estão participando do GUIA DE SAÚDE, EQUILÍBRIO & BEM-ESTAR 2024, do Papo com Cris, clique nos links a seguir:
Sobre Cristianny Frasson Matyis
Cristianny Frasson Matyis (CRN 4283) é nutricionista formada pela Universidade Metodista de Piracicaba, com várias especializações em Nutrição Clínica, Funcional e Oncológica. É proprietária da Clínica Rennove.
Confira as dicas mais recentes de Cristianny Frasson Matyis, na coluna Nutrir-se:
- Nutricionista Cristianny Frasson Matyis mostra como ‘manter a linha’ nas festas de fim de ano
- Nutricionista Cristianny Frasson Matyis alerta sobre dietas ‘malucas’ para perder peso
- Nutricionista Cristianny Frasson Matyis fala sobre as gorduras amigas da nossa saúde